A Produção do Café no Brasil no processo histórico
A produção de café no Brasil é responsável por cerca de um terço da produção mundial de café, o que faz o país ser de longe o maior produtor - uma posição mantida nos últimos 150 anos. Em 2012 foram produzidas 50 milhoes de sacas, totalizando 3 milhões de toneladas . Em 2009 foram produzidas 2368 milhões de toneladas ou 2440, de acordo com dados consolidados da FAO . Em 2007 cerca de 70% da produção foi de café arábica , no entanto, apenas 4,26% do café exportado em 2009 foi do tipo robusta. Apesar de o Brasil
ser o maior produtor mundial, o mercado global não é dominado por
empresas brasileiras. O mercado doméstico de café é dominado por duas
empresas americanas, Sara Lee e Kraft Foods.
Introdução do cultivo e primórdios da cultura ( 1727 - 1850 )
O cafeeiro não é nativo das Américas e sim das estepes da Etiópia,
por isso ele deve ter sido artificialmente introduzido no Brasil. O
primeiro pé de café teria sido plantado no estado do Pará, em 1727. De acordo com a lenda, o governador do Brasil estaria procurando tomar uma parcela do mercado de café e teria enviado Lt. Col. Francisco de Melo Palheta para que roubasse sementes da Guiana Francesa,
sob o pretexto de mediar uma disputa de fronteiras. Em vez de tentar
penetrar nas fortemente guardadas fazendas de café, Palheta usou seu
charme pessoal para persuadir a Primeira Dama. Incapaz de resistir ela deu a ele uma muda da planta num jantar de Estado na sua despedida antes de voltar para o Brasil.
O café apenas passa a ter importância nos mercados internacionais no
correr do século XVIII, em que se transforma no principal alimento de
luxo nos países do Ocidente, e é esse fato que estimula a sua cultura
nas colônias tropicais da América e da Ásia. No entanto, o Brasil entra
apenas tardiamente na lista dos grandes produtores, como explica Caio Prado Jr.:
"Apesar de sua relativa antiguidade no país, a cultura do café não
representa nada de apreciável até os primeiros anos do século [XIX].
Disseminara-se largamente no país, do Pará a Santa Catarina, do litoral até o alto interior (Goiás);
mas apesar dessa larga área de difusão geográfica, o cafeeiro tem uma
expressão mínima no balanço da economia brasileira. Sua cultura, aliás,
destina-se mais ao consumo doméstico das fazendas e propriedades em que
se encontra. Comercialmente seu valor é quase nulo."
E esse início tardio da produção de café para exportação se explica pela mineração no séc. XVIII, pois é apenas no fim desse século que vemos um "renascimento" agrícola no País, e durante esse período o açúcar ainda gozava da preferência dos agricultores. É somente com a "decadência das lavouras tradicionais" (cana-de-açúcar, algodão e tabaco), [que] vemos um "deslocamento da primazia econômica", do Nordeste para o Sudeste . Outro fator que estimulou a produção de café brasileiro foi a independência dos Estados Unidos que fez com que aquela crescente nação evitasse a todo custo comprar produtos da sua antiga metrópole (os principais produtores no séc XVIII eram as colônias asiáticas inglesas e holandesas).
A indústria cafeeira dependia do trabalho escravo
e na primeira metade do séc. XIX 1.5 milhão de escravos foram
importados para o Brasil a fim de suprir as necessidades das plantações
no Sudeste. Com a proibição do tráfico externo em 1850, os cafeicultores passaram progressivamente a contar com mão-de-obra imigrante européia nas fazendas.
Ciclo de 1857-68
Durante todo o séc. XIX a produção brasileira se deu num contexto de
mercado livre, com os preços flutuando "sem apresentar qualquer
tendência", sendo explicados em boa parte pelo movimento dos níveis
gerais de preços, e mostrando um comportamento oscilatório devido a
descompassos entre oferta e demanda.
Em meados do século o Brasil já era o maior produtor mundial. Depois da Crise de 1857,
os preços começam a subir graças à recuperação da demanda européia e a
limitações na oferta graças aos estragos na lavoura provocados pela mariposa-do-café
e pelo encarecimento da mão de obra escrava, principalmente no Rio de
Janeiro. Adicionada à estabilidade cambial do período, os altos preços
incentivaram a expansão das lavouras.
Oeste Velho e Novo Oeste Paulista
Foi na região do Vale do Paraíba
que o café estabeleceu-se como forte produto da cadeia exportadora
nacional, tornando o grão o principal produto exportado pelo país.
Todavia, já nos idos de 1850, o esgotamento das áreas e a perda da
fertilidade do solo, fez a produção expandir-se à região oeste do Rio de Janeiro, no Estado de São Paulo.
As principais cidades dessa nova área de expansão foram Campinas, Limeira, Bragança Paulista e Amparo que, por muitos anos, foram as maiores produtoras nacionais. A denominação Oeste Velho
advém dos fatos de tratar-se da primeira região expandida após o Vale
do Paraíba paulista, bem como por conciliar estruturas agrário-sociais
da área anterior com as das áreas paulistas mais à oeste. Conviveu com o
trabalho escravo e do imigrante assalariado; seus fazendeiros possuíam
uma mentalidade intermediária entre a Aristocracia cafeeira e a
Burguesia do Café, a última predominante no Novo Oeste paulista, que tem
na cidade de Ribeirão Preto sua maior exemplar.
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